sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Promessas de fim de ano

Ontem olhei para ti como há muito não fazia. E sabes, cresceste aos meus olhos. Ouvi-te contar as tuas aventuras de menino e surpreendi-me com o que já és capaz de contar, com o brilho dos olhos que tens, e como tenho corrido das coisas boas da vida à procura de nem sei bem o quê.

Acho que esse brilho dos teus olhos fez um pequeno milagre: acordou-me deste entorpecimento que a ânsia de ter mais provoca na sabedoria de querer Ser melhor.

Tenho muita sorte, oh meu pequeno querubim de caracóis cor-de-chá! Sorte de te ter por perto, de me puxares para perto, de quebrares os meus silêncios com a tua maravilhosa e sonora presença.

Ontem quando já dormias, cheirei-te e passei as mãos na tua pele macia, mais do que veludo. Medi o teu tamanho, cobri-te deste outono que mais parece inverno, e cheirei-te, como só a ti o sei fazer, e com a certeza que o meu coração se aquece com o teu cheiro.

Agora que os crescidos todos fazem promessas para o novo ano, anunciam medidas drásticas para a sua vida, eu resolvi manter-me assim, como fui capaz de me manter ontem enquanto te ouvia e depois, quando te fui espreitar no sono: quero estar perto, capaz de me surpreender, mas também capaz de ter a certeza do que posso encontrar. Isso só faço se estiver perto, suficientemente perto para não me perder com os "nem sei bem quês da vida".

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Porque sim!!!

-Queres ser feliz comigo?
-Sim. Porquê?
-Porque sim!
E dormiram. Ela no abraço dele, e ele abraçado a ela.
Talvez seja isto o amor: Estes abraços que nem sempre se entrelaçam.
Gosto destes sentimentos mais quietos. Com toda a certeza serão menos vibrantes, vorazes e bem menos dolorosamente saborosos, mas, e ao contrário da grande poeta, eu gosto de amar encontradamente. De poder dormir o sono embalado por despreocupações quotidianas.
Não aprecio dias baços, porém suporto ver um dia cinzento na minha varanda se eu viver o Verão. Isso talvez seja o amor. Esse Verão quente, dias de mar calmo e cheio de gente, isso só se pode chamar amor. Porque é para todos. E a Vida não ia inventar uma coisa boa e distribui-la só por meia dúzia de jeitosos.

Ela quer ser feliz com ele, mesmo que seja só porque sim. Isto só pode ser amor.

Para as minhas ideias

As minhas ideias ficam sempre pela metade, pela pressa de as entregar ao mundo, pela comichão que me provocam enquanto me impacientam o juízo.
Apaixono-me por elas, sofro por as sentir latejar, sofro por não as medrar e regozijo-me por as
criar, melhorar, poder guardar ou mostrar, depois solto-as, atiro-as ao mundo e esqueço-me delas.
As ideias espevitam-me, não me sossegam o cansaço, fadigam-me os pensamentos e flamejam o meu sistema acordatório.
Este blog está cheio do que poderiam ser boas ideias, no entanto esta precocidade na entrega diminui o seu brilho.
Não tenho sido grande, muito menos inteira. Mas nem por isso deixo de ser autêntica. Porque esta urgência de fazer vir ao mundo o que penso é muito minha, é como uma deformação congénita, diagnosticada e em tratamento quase constante.

A todas as ideias que lanço sem as mais cuidar: o meu sincero pedido de desculpa. Sois filhas de uma cabeça que se aligeira em parir-vos. Uma ou outra vez passei por vós noutras bocas, noutras folhas, ouvi sobre vós rasgados elogios, mas com os nomes de pródigas pessoas que muito generosamente vos adoptam como sendo suas. Se vos arremesso sem vos perfilhar, outro tomará conta de vós. C'est la vie!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
Ricardo Reis

Esta loucura só pode ter uma boa razão


Muitas vezes bamboleio entre a razão e a insanidade.
Passeio em ruas barulhentas, que oscilam entre o baço e o ofuscante.
Sinto-me a estender a mão para que me segurem. Para que uma outra mão me puxe para qualquer um dos lados. Ou me empurre destes lugares frenéticos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Meus lindos olhos


Anos antes de conhecer o menino que morou na minha barriga já ouvia esta música. Ouvi-a incontáveis vezes. Hoje voou pelos meus pensamentos.
Sempre gostei muito de pessoas. Sempre estive atenta aos olhos delas.
Sabia que um dia chegaria à minha vida uma criaturinha com os olhos capazes de mover o mundo. O meu, pelo menos.
Há estranhas certezas que se cumprem.

Meus lindos olhos, qual pequeno deus
Pois são divinos, de tão belos os teus.

Quem, tos pintou com tal feição
Jamais neles sonhou criar tanta imensidão.

De oiro celeste,
Filhos de uma chama agreste
Astros que alto o céu revestem
E onde a tua história é escrita.

Meus lindos olhos, de lua cheia
Um esquecido do outro, a brilhar p´rá rua inteira.

Quem não conhece o teu triste fado
Não desvenda em teu riso um chorar tão magoado.

Perdões perdidos
Num murmúrio desolado
Quando o réu morava ao lado
Mais cruel não pode ser.

Este fado que aqui canto
Inspirou-se só em ti
Tu que nasces e renasces
Sempre que algo morre em ti.

Quem me dera poder cantar
Horas, dias, tão sem fim
Quando pedes só pra mim
Por favor só mais um fado.

Mafalda Arnauth

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Caturrices

-Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui! Eu quero o meu papá! Eu não quero ir contigo!!!!!

...
(O meu cérebro vai aparafusar estas frases e volta já.)

O quê???? Vossa excelência estará porventura a ousar embirrar neste centro comercial?? Isto merece uma resposta típica da mamã. -Não de qualquer mamã.- Esta cena não pode ficar assim, sem humor, nem amor.

-Pois meu caro, eu estou cheia vontade de ir embora! Se gostas tanto de cá estar por que é que não arranjas um emprego cá?! Eu também quero ir ter com o papá, se te despachares, vamos vê-lo já, já! E, para ser sincera, hoje também não me apetecia ter que levar um menino com birra comigo, mas como ainda não sabes qual é o autocarro que se apanha, eu faço esse favor!!!

(Agora precisava de um balãozinho de pensamento da banda desenhada )
...- Não sei se rio, não sei se continuo a fazer esta birra-de-fim-de-dia-que-me-parece-ser-libertadora-de-más-energias-e-frustrações-acumuladas-na-escola. Oh, vou continuar o birredo (neologismo que traduz: uma birra que mete medo). Ups! Os senhores da segurança estão a passar, vou calar-me, bem caladinho.

-Senhor segurança, acho que devia observar este menino, é muito parecido com o meu, é giro e tudo, contudo este vem com defeito: faz muito barulho.
-Eu sou filho dela, eu sou o filho dela! (mais ranho, mais lágrimas, corrida para as pernas da mãe.)

A epopeia arrastou-se por alguns minutos. Deixei-o expressar a frustração de não prolongar a brincadeira. Mas não me esqueci que o meu adorado menino nem sempre pode fazer o que lhe dá na real gana.

Fungadelas no meu colo. Mimo nos caracois suaves. Banho morno com a bicharada aquática.
Está de volta a risota!

Ouvi alguém dizer: paciência de mãe é como pasta de dentes: sempre há mais um bocadinho.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pseudo pessoas

"Frases felizes... Frases encantadas...
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas...
Como há pacovios bem vestidos."
Mário Quintana; Espelho Mágico, 1945

Intelectualoides que entregam os seus dias ao estudo aprofundado de tudo e mais alguma coisa, fazedores de teses sobre os mais variados temas e os esmiuçadores de pormenores têm em mim uma inimiga.



O que fazer com tanto palavreado de difícil entendimento??? Por que carga de água tudo tem que ser visto à lupa cientifica de meia dúzia de entendidos? Aiiiii...



Já alguém deu conta que relações humanas deviam fluir espontaneamente? Que dissecar um poema é tirar-lhe brilho? Que enormes palavras encontram sinónimos noutras com muito menos letras?



Inseguranças escondem-se em "sentenças repletas de vocábulos de elevada complexidade".

Ando a maturar nisto há uns dias, desde que li uns textos de uns cidadãos que andam nos bicos dos pés, todos contentes porque estruturam verdadeiras pérolas gramaticais. Fazem-no para uma restrita minoria. Dizem-se o futuro das nações mas vivem em castelos insuflados a comentários que repelem o comum cidadão.

É preciso saber Ser mais no todo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pa odju pretu di nha mininu


Ka tem na seu um strela

ki ta limia

sima kel odju pretu di nha mininu.



Ka tem ventu

ki ta frescan

mas ki kel si beijinhu sabinhu.



Amor di mama ka tem

na mundo, ninhum siensa.



Kel amor ta kentanu na petu

ta fadiganu xintidu

ta pono pé na caminhu

si kre, dia di turbulensa.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Às Marias de óculos de sol e dor na alma

Se lhe dessem uma faca bem amolada e ele a espetasse na minha carne, doer-me-ia bem menos.
Não basta ignorar durante dias a fio, cozinhando em lume brando esta infelicidade. Há que apedrejar com palavras duras o meu esforço natural de querer ser feliz.

Acho que chorei mares de tristezas guardadas, tentei colar com cuspo o meu coração partido, gritei soluções, esperei que as promessas não fossem de campanha.
Já outras vezes vi estes filmes. Outras vezes achei que depois as noticias contam coisas bem piores que estas dores de alma.
Continuo sempre ali. Ali fico aninhada à espera de um fim. Um fim do nó na garganta e dor no meu bem me querer.
Raramente me fala. Raramente me grita. Os dias passam em silêncio. Os dias adormecem em silêncio, e o silêncio profundo os acorda.
Sussurra-me defeitos. Atirá-los delicadamente ao meu espelho é bem mais prazeroso do que publicá-los em jornais de amigos e conhecidos.
Puxo conversa. Abro sorrisos. Falo de coisas que têm que ser resolvidas. Mostro o cansaço de resolver tudo. Fica tudo por resolver. Continua tudo para eu resolver!
Um dia resolvo ser mais resolvida, como se diz por aí. Digo isto há tantos dias, resolvo dias e não resolvo isto.
Dou-lhe a faca. Amolo-a. Há-de doer bem menos.
Deixem-no cravar fundo a carne, deixem que talvez isso me desperte, me mate menos do que esta certeza com que ele me engana.
A carne cicatriza, com certeza.
Dentro tenho pouco: espécie de chaga, lâmpada com pó.
Resolvo dias e não resolvo isto. Amolo a faca. Deixo-a na janela, se o vento a não levar há-de doer-lhe bem fundo!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mãe, só há uma! (e tem gás)

-Oh Rafael, Rafael, RafaEEEEEEL! Rafael, não ouves a mãe a chamar-te?
Eu lá travei o pequeno mesmo à porta da escola.
Lá vem a mãe furiosa em perigosa perseguição. O meu coraçãozito apertou-se e só me ocorreu:
-"O meu também é assim. De vez em quando faltam as pilhas nos ouvidos"
Ufff... o Rafael escapou do chapadão adivinhado. Mais calma a mãe podia explicar-lhe quão perigosa podia ser a sua valentia e ousadia.
Entrámos no carro e fizemos planos para o lanche.

Durante o banho o meu pimpolho fazia belas acrobacias dentro de água. -Papá, olha só p'ra isto! E olha eu a fazer mais isto. E olha isto!?! Ah! É verdade! Quando formos às compras temos que comprar pilhas.
-Pilhas? Precisas de pilhas?
-Xim. A mamã disse à mãe do Rafinha que eu às vezes tenho os ouvidos avariados.

Dose de humor tardio. Isto só lá vai com um golinho de água. -Mãe, só há uma! E tem gás!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Para os 4 anos do meu filho


São tantas as coisas que tenho para dizer que me custa escolher a primeira.

Já escrevi e apaguei mais do que muitas vezes, já tive um conjunto de frases perfeito na minha cabeça que entretanto substituí por aquelas que apaguei.

Escrever qualquer coisa para o meu filho é muito dificil, tem sido teimosamente dificil escrever qualquer coisa para ele, sobre ele. É a música que fala dos olhos dele que não passa da primeira frase, é o textinho para o quadro de cortiça do quarto que nunca passou da primeira letra.

Penso que não ter inspiração à altura de tamanho amor e outros sentimentos. Não não tenho. Queria ter um dia o brilhantismo de saber descrever os olhos, o sorriso, o brilho, esta infinita capacidade de amar para além do amor, de compreender o que nos outros desentendo e o dar colo mesmo em dias de pouca força.

No outro dia apagou quatro velas de um bolo cor de céu,decorado com nuvens brancas fofas e doces e balões de muitas cores. Todos, mesmo quem cá não está, cantaram para ele. O meu coração de mãe agigantou-se e transformou alguns sonhos em realidade. Mas só alguns, porque é muito bom sonhar.

Encontrei estas palavras de alguém que sabe o que eu sinto, não sei como é que ele sabe (?), sei só que ele sabe.

"Carta para meu filho Madyo Dawany
Hoje cheguei e não havia o teu sorriso reconfortando-me. Fiquei triste e sem coragem como se fosse do teu tamanho, assim pequenino. Não é possível tu estares comigo e isso rouba-me o coração.
Este desejo de te querer junto a mim é um desejo egoísta, eu sei. Quero isso mais por mim que por ti. Quando te escrevo é mais para mim do que para ti.
Faço-te esta confissão de egoísmo para que saibas, meu filho, que te amo de todas as maneiras que sei amar. E mesmo assim sinto que não sei amar, que me falta estar vivo. Saberás do que falo quando desvendares alguns mistérios do mundo. Assim crescerás à medida do teu sonho. Quero que respeites esta insuficiente maneira de amar dos homens do meu tempo. E que ames tudo aquilo que os homens antes de ti construíram por amor a outros homens, mesmo que o tenham feito incompletamente. E que recordes que por trás de cada coisa transformada há sempre uma gota de sangue: tudo resulta da luta, mesmo que essa luta tenha sido apenas interior e aparente.
Sentirei que a minha vida se desdobra como a onda que mesmo desfeita se renova. Sentir-me-ei como a onda que sabe que depois de desfeita se prolongará no eterno movimento dos homens lutando e construindo por amor aos outros que nem sequer conhecem." Mia Couto

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Raios e coriscos

Quando criei este espaço de expressão, criei-o com a vontade imensa de escrever frequentemente.
A auto censura, o meu próprio lápis azul tem sido o meu mais terrível, e único, diga-se de passagem, inimigo.
O meu filho fez quatro anos, escrevi, apaguei, escrevi, apaguei, escrevi e guardei escondida qualquer coisa para ele. Tenho tido alguns bons momentos para partilhar, no entanto, não me tenho permitido "blogar". Ora por falta de tempo, ora por falta de inspiração, ora porque tenho pudor das ideias que pululam nesta cabecinha ajubada, ora bolas!

Sei que melhores dias virão. Sei que um dia esta vergonha vergonhosa vai ficar na gaveta no lugar das coisas que tenho escrito.
Desejo profundamente que isto seja uma curta "silly season"e que a sensatez tenha ido a banhos mas volte retemperada e musculada.

Não ponho o cartãozinho do "volto já". Tenho aqui um bem melhor: "Oh idiotice, vai-me à loja!"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sarabudja

Para quem por cá já passou estranha certamente a ordem dos post. Na verdade, sou uma novata nestas coisas e pfffffff... fiz desaparecer tudo. Mas brilhantemente (humildade is my middle name :-)) repus.

É o que dá ter um blog com inspirações sarabudjianos.
Tenho desde manhã mil coisas para escrever: o por que sim, o por que só agora, o por que isto, aquilo e mais 997 (pelo menos) fervilhantes motivações que me latejam nesta cabecita ajubada. (hoje bem menos do que o habitual por que passei longas horas à espera que a cabeleireira tratasse desta nuvem que me cobre o aparelho pensante)
Aviso que a primeira intenção é soprar ideias e não partilhar cientificidades, teorias ou elaboradas teses de inteligentérrimos pensadores.Também prometo não falar da novela das 5, 6, 7 ou 9 da noite, ou do vestido e da dieta da amiga da prima da vizinha do 5º esq.Soprarei. Com certeza que uns dias soprarei como quem afasta a pestana da cara do amigo, e outros haverá em que soprarei com a força de um verdadeiro furacão.
Entre a brisa e o vento que constipa aqui oscilarei.
Aqui sarabudja!

Mãe, só há uma!(e tem gás)

Depois de uns quantos dias de chuva e frio, a janela da superstar de trazer por casa inundava sol.
-"Bom dia! Lá fora está um dia lindo: está sol!"
Destapou a cabecita encaracolada, coçou os olhos enormes: -"obrigada mamã!"

Ele há dias assim...Nó na garganta por grande dose de alegria matinal? Isto merece um golinho de água._"Mãe, só há uma! E tem gás!"

Valha-me Deus!

Domingo fui à missa! Não, não estava acorrentada.Fui madrinhar a comunhão da minha afilhada.Permaneci até ao fim. Não me perdoaria não fazer esse sacrificio pela minha menina. Mas só pela menina.
A igreja estava cheia, por isso quente. O cérebro permaneceu intacto.Adivinhava que a cerimónia fosse para os papa hóstias do costume, lembrei-me que a igreja é fria e que o cérebro normalmente se ocupa com o aquecimento do corpo, porém... as centenas de pessoas que lá estavam não deixaram que o meu aparelho pensante trabalhasse noutra coisa se não nas palavras que ia ouvindo.
Depois de ouvir repetir, até à exautão, diga-se, "perdoai-nos senhor!" o padre decidiu contar aos presentes uma confissão que ouvira e o surpreendera.Pois surpreendida fiquei eu quando ele se lançou a uma descrição muito pouco discreta do que lhe foi segredado em confissão!?!Já não bastava um dos papa hóstias ter mandado calar todos os convidados para a casa do Senhor...sim, argumentou que a casa de Deus é local de silêncio! Pasmei, lógico. É que quando sou convidada para a casa de um amigo é p'ro "combibio".Domingo fui à missa. Mas tão cedo não me apanham lá. Valha-me Deus!

Dia da Criança

Grande bronca estar com uma branca na inspiração.Há uns dias que nada me faz soprar por aqui.
Mesmo sem inspiração à altura do Dia Internacional da Criança, não me posso esquecer que vivi num país onde hoje é feriado, onde as crianças ainda brincam na rua, onde os pais têm tempo para os ver crescer, onde aprendi que se pode ser feliz com muito pouco.
Para os meninos da terra da "sabura" e "morabeza" o meu sopro de "sodade".Para uma menina gigante no encanto o meu sopro de esperança.Para o meu menino... a minha brisa de mamã.

Sopro no coração

-Desculpa!
Ainda antes da pequena criaturinha acabar de o dizer, já a porta se me escapara das mãos e já apertado estava o meu coração. Eu disse apertado?? O que eu queria mesmo dizer era: DESTROÇADO (despedaçado, partido e mais uns quantos adjectivos tristes - serviam-lhe bem).
Dei uma volta por mim mesma. Lavei a tristeza com algumas lágrimas. Eu disse a tristeza? O que eu deveria ter confessado é que o que mais me doía era o ego.
Quando voltei à escada, senti-o na sola do sapato. Tive cuidado. Apanhei-o. Respirei fundo e pedi-me desculpa.
Abracei-o. O abraço pequenino agigantou-se. O beijinho doce lambuzou-me um buraquinho que abrira no coração. O meu beijo sossegou-lhe o arrependimento.

2 anos...

Ontem à noite reservei um bom lugar para maltratar este coração.
Sentei-me na segunda fila para assistir de perto a uma doce mas cruel agonia.

Passados dois exactos anos da minha aterragem na terra onde sempre me conheci, dei por mim a festejar o que trouxe do outro lado do oceano.

Fantástica noite!



A saudade não diminuiu, não desapareceu, não se transformou numa lembrança envolta em vapor que turva a memória. A saudade doía mais. Doeu tanto que me fez chorar.
Chorei contente a triste melancolia. Chorei sodade das pessoas, chorei sodade de cheiros, chorei sodade de uma vida diferente.
"Ah sodade sodade sodade."