sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Meus lindos olhos


Anos antes de conhecer o menino que morou na minha barriga já ouvia esta música. Ouvi-a incontáveis vezes. Hoje voou pelos meus pensamentos.
Sempre gostei muito de pessoas. Sempre estive atenta aos olhos delas.
Sabia que um dia chegaria à minha vida uma criaturinha com os olhos capazes de mover o mundo. O meu, pelo menos.
Há estranhas certezas que se cumprem.

Meus lindos olhos, qual pequeno deus
Pois são divinos, de tão belos os teus.

Quem, tos pintou com tal feição
Jamais neles sonhou criar tanta imensidão.

De oiro celeste,
Filhos de uma chama agreste
Astros que alto o céu revestem
E onde a tua história é escrita.

Meus lindos olhos, de lua cheia
Um esquecido do outro, a brilhar p´rá rua inteira.

Quem não conhece o teu triste fado
Não desvenda em teu riso um chorar tão magoado.

Perdões perdidos
Num murmúrio desolado
Quando o réu morava ao lado
Mais cruel não pode ser.

Este fado que aqui canto
Inspirou-se só em ti
Tu que nasces e renasces
Sempre que algo morre em ti.

Quem me dera poder cantar
Horas, dias, tão sem fim
Quando pedes só pra mim
Por favor só mais um fado.

Mafalda Arnauth

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Caturrices

-Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui! Eu quero o meu papá! Eu não quero ir contigo!!!!!

...
(O meu cérebro vai aparafusar estas frases e volta já.)

O quê???? Vossa excelência estará porventura a ousar embirrar neste centro comercial?? Isto merece uma resposta típica da mamã. -Não de qualquer mamã.- Esta cena não pode ficar assim, sem humor, nem amor.

-Pois meu caro, eu estou cheia vontade de ir embora! Se gostas tanto de cá estar por que é que não arranjas um emprego cá?! Eu também quero ir ter com o papá, se te despachares, vamos vê-lo já, já! E, para ser sincera, hoje também não me apetecia ter que levar um menino com birra comigo, mas como ainda não sabes qual é o autocarro que se apanha, eu faço esse favor!!!

(Agora precisava de um balãozinho de pensamento da banda desenhada )
...- Não sei se rio, não sei se continuo a fazer esta birra-de-fim-de-dia-que-me-parece-ser-libertadora-de-más-energias-e-frustrações-acumuladas-na-escola. Oh, vou continuar o birredo (neologismo que traduz: uma birra que mete medo). Ups! Os senhores da segurança estão a passar, vou calar-me, bem caladinho.

-Senhor segurança, acho que devia observar este menino, é muito parecido com o meu, é giro e tudo, contudo este vem com defeito: faz muito barulho.
-Eu sou filho dela, eu sou o filho dela! (mais ranho, mais lágrimas, corrida para as pernas da mãe.)

A epopeia arrastou-se por alguns minutos. Deixei-o expressar a frustração de não prolongar a brincadeira. Mas não me esqueci que o meu adorado menino nem sempre pode fazer o que lhe dá na real gana.

Fungadelas no meu colo. Mimo nos caracois suaves. Banho morno com a bicharada aquática.
Está de volta a risota!

Ouvi alguém dizer: paciência de mãe é como pasta de dentes: sempre há mais um bocadinho.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pseudo pessoas

"Frases felizes... Frases encantadas...
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas...
Como há pacovios bem vestidos."
Mário Quintana; Espelho Mágico, 1945

Intelectualoides que entregam os seus dias ao estudo aprofundado de tudo e mais alguma coisa, fazedores de teses sobre os mais variados temas e os esmiuçadores de pormenores têm em mim uma inimiga.



O que fazer com tanto palavreado de difícil entendimento??? Por que carga de água tudo tem que ser visto à lupa cientifica de meia dúzia de entendidos? Aiiiii...



Já alguém deu conta que relações humanas deviam fluir espontaneamente? Que dissecar um poema é tirar-lhe brilho? Que enormes palavras encontram sinónimos noutras com muito menos letras?



Inseguranças escondem-se em "sentenças repletas de vocábulos de elevada complexidade".

Ando a maturar nisto há uns dias, desde que li uns textos de uns cidadãos que andam nos bicos dos pés, todos contentes porque estruturam verdadeiras pérolas gramaticais. Fazem-no para uma restrita minoria. Dizem-se o futuro das nações mas vivem em castelos insuflados a comentários que repelem o comum cidadão.

É preciso saber Ser mais no todo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pa odju pretu di nha mininu


Ka tem na seu um strela

ki ta limia

sima kel odju pretu di nha mininu.



Ka tem ventu

ki ta frescan

mas ki kel si beijinhu sabinhu.



Amor di mama ka tem

na mundo, ninhum siensa.



Kel amor ta kentanu na petu

ta fadiganu xintidu

ta pono pé na caminhu

si kre, dia di turbulensa.