segunda-feira, 1 de agosto de 2011

É óptimo isto de não saber quando vamos morrer. A guilhotina sustentada por areia de ampulheta é coisa para deixar qualquer boa alminha em freniquitos.
Eu tenho a mania que não sei se acordo no dia seguinte. Bem, não penso nisto todos os dias, caso contrário a minha vida era a verdadeira maluqueira. Mas confesso que tenho sérias dificuldades em pensar a longo prazo.
Quando me ponho a matutar sobre estas matérias (de elevado interesse para gente como eu), dou conta que se soubesse que estes olhinhos não veriam o sol amanhã muita coisa ficava por dizer, outro tanto por fazer.
Quando a "Verónika decide morrer" permitiu-se prazeres que até então ignorou ou, até aposto, calou dentro de si. Foi só dar-lhe um prazo e era vê-la a ser feliz.
Hoje vi um filme sobre isto: a areia da ampulheta a escorrer.
No meu estado não deveria pensar, muito menos expressar estas coisas. A meia dúzia de dias de dar ao mundo uma vida que carrego e a pensar em prazos e morte?! Pois que o que me fez escrever estas linhas (mal ajambradas) foi mesmo a Vida.
E se eu fizer de conta que já ouço o tic tac e resolver fazer e dizer o que consta na lista? - Mal não há-de fazer.

Na verdade, fico bem contente por não o ouvir. Talvez alguns dias me saibam a pão da véspera, outros têm sabores mais exóticos, mas a tonta (in)certeza do poder acordar no outro dia e saber que bem perto estão aqueles que me fazem dormir contente, preserva-me a alma dos freniquitos de agonia.

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